quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Maximiano de Carvalho e Silva na Academia Niteroiense de Letras (um dia de história)

             Fachada da Academia Niteroiense de Letras no traço de Miguel Coelho


“Senhora Presidente da Academia Niteroiense de Letras, minha querida, ex-aluna, colaboradora em projetos de pesquisa Márcia Pessanha que, até pouco tempo, via como Diretora da Faculdade de Educação da UFF;
meu querido amigo Roberto Kahlmeyer-Mertens, que foi o intermediário deste convite, sempre atento, sempre dando-me tantas provas de dinamismo, de interesse cultural, que é um dado altamente auspicioso, Kahlmeyer-Mertens é um representante de uma geração que está disposta a continuar um trabalho encetado ao longo dos anos;
meu caro Jorge Fernando Loretti, amigo de velha data na UFF, nós trabalhamos juntos na consolidação daquela universidade a qual eu vou me referir na palestra de hoje;
meu amigo Israel Pedrosa, companheiro de longa data, nós estamos ligados por uma amizade muito grande; meus caros ex-alunos, também representados pelo acadêmico Luiz Antônio Barros, que falou, aqui, em nome da Academia, deixando-me sob funda emoção em verificar que livros que eu ajudei a fazer, que eu editei e fiz chegar às mãos de meus alunos ficaram guardados em sua lembrança.
Devo confessar que uma das tristezas do professor está no fato de, depois do contato com a turma, ele perder o contato, sem saber o que aconteceu. Esta declaração de carinho e apreço que acaba de me ser dada é, com certeza, um grande estímulo para o prosseguimento de nossa missão. Não esmorecer para não desmerecer.”

Foi com esse cumprimento cordial (transcrição fiel da fala introdutória à palestra “Alguns aspectos da vida cultural de Niterói”) que o professor Maximiano de Carvalho e Silva iniciou sua comunicação na Academia Niteroiense de Letras diante de um auditório tão repleto quanto atento. Cercado de quatro gerações de alunos, colegas professores, acadêmicos de diversas instituições literárias e da grande maioria das figuras de relevo cultural da cidade, o ilustre filólogo, aos 85 anos, deu mostras de grande lucidez e carisma ao dissertar sobre a gênese de instituições acadêmico-universitárias de nossa cidade, sobre personalidades que junto a elas atuaram e de fatos verdadeiramente históricos.

Após a palestra Maximiano de Carvalho e Silva (rematada por uma salva de palmas com toda audiência de pé), Jorge Fernando Loretti traduziu em palavras o sentimento comum a todos os que estiveram naquela sessão de 24 de agosto de 2011: “Tenho a impressão que o dia de hoje ficará marcado para sempre na memória de nossa Academia”.

O registro deste dia histórico para a ANL é o que temos na presente postagem:






 O acadêmico Luiz Antônio Barros, ex-aluno de Maximiano de Carvalho e Silva, durante a alocução que apresentou o palestrante ao público que lotou o recinto da Academia Niteroiense de Letras

A mesa diretora da ANL composta por Jorge Loretti (em primeiro plano),
Maximiano de Carvalho e Silva (palestrante), Marcia Maria de Jesus Pessanha (Presidente) e
Israel Pedrosa (artista plástico e convidado de honra da ANL).

Maximiano de Carvalho e Silva iniciou a palestra lembrando do ano de 1953, quando foi convidado a ser professor assistente do filólogo Gladston Chaves de Melo na PUC-RJ. Período em que foi professor de alunos ilustres como a acadêmica da ABL Nélida Piñon


O palestrante dissertou lembrou também do colega professor Rosalvo do Vale (um dos maiores latinistas brasileiros) que, em 1957, lhe fez o instigante convite para lecionar na então incipiente Faculdade Fluminense de Filosofia, em Niterói.


Vista da seleta audiência do evento. Entre os presentes podemos divisar a professora Maria Felisberta Trindade, os acadêmicos Geraldo Freitas Caldas e Gracinda Rosa.


Novo ângulo da plateia na qual se identifica o acadêmico Luiz Antônio Barros em primeiro plano, os acadêmicos Gracinda Rosa e Geraldo Caldas (ainda na primeira fila); na fila de trás os acadêmicos Antônio Soares, Edel Costa, Gilson Rangel Rolim. Ao fundo da sala temos ainda José Alfredo de Andrade e Sandro Rebel, ambos membros da ANL


Pormenor da plateia no qual o professor Antônio Puhl
e a professora Dalma Nascimento aparecem em destaque.


Novo ângulo da audiência


Maximiano de Carvalho e Silva dissertou especialmente sobre a Faculdade Fluminense de Filosofia.


O palestrante lembrou que entre os primeiros professores da Faculdade Fluminense de Filosofia estava um notável grupo de especialistas em estudos clássicos, filológicos, linguísticos e literários em que avultavam as figuras de Ismael de Lima Coutinho, Balthasar Xavier de Andrade e Silva e Antenor Nascentes. A esse mesmo grupo, nos primeiros anos da faculdade, também pertenceram os professores Horácio Pacheco, Silvio Edmundo Elia e Cleonice Berardinelli.

Nomes relativos à “fina flor da intelectualidade e do magistério fluminense” estiveram presentes na fala do palestrante, entre eles: e Ismael de Lima Coutinho.


A afirmativa segundo a qual “os nomes de Durval de Almeida Batista Pereira e Ismael de Lima Coutinho não podem deixar de ser lembrados aqui em Niterói”, arrancou aplausos da plateia.

Segundo o professor Maximiano de Carvalho e Silva, 25 de maio de 1946 é data do lançamento da pedra fundamental de Faculdade Fluminense de Filosofia. Consolidada a faculdade, a reunião que viabilizou o projeto possuía em sua ata a assinatura das seguintes personalidades: Afro Amaral Fontoura, Lealdino Soares Alcântara, Claudio Vianna, Francisco Mariano Bittencourt Silva e Ismael de Lima Coutinho. Os nomes que se juntaram a esses, posteriormente não poderiam também deixar de ser lembrados: Durval Batista Pereira, Camilo Guerreiro, Monsenhor Uchôa, Ernani Pires de Melo, Benedito Ottoni, Abel Elias de Oliveira, José Agostinho de Lara Vilela, Maria Pereira das Neves, Felício Toledo, Everardo Backheuser e João Raposo.


Maximiano de Carvalho e Silva defendeu a necessidade de se fazer um histórico da Universidade Federal Fluminense, e propôs que mesmo as instituições acadêmico-literárias possuam um registro histórico. Louvou a Academia Niteroiense de Letras ao saber que a Instituição possui um livro que conta sua história, a saber: A dança das cadeiras – História da Academia Niteroiense de Letras, do acadêmico Wanderlino Teixeira Leite Netto.

O palestrante ressaltou e insistiu na preservação da memória das instituições acadêmicas e universitárias, sendo aplaudido de pé.


Após a palestra, o professor Maximiano de Carvalho e Silva respondeu perguntas de Wanderlino Teixeira Leite Netto, de Gilson Rangel Rolim e  de outros interessados no diálogo.


Também o Dr. Jorge Loretti fez uso da palavra, comentando e elogiando a fala do colega.




Ao fim, a Presidente Marcia Maria de Jesus Pessanha (ex-aluna de Maximiano)
encerrou a sessão.

O palestrante recebe os cumprimentos do público após sua fala.


O educador Antônio Puhl interage com o filólogo Maximiano de Carvalho e Silva


Roberto S. Kahlmeyer-Mertens presenteia Maximiano de Carvalho e Silva com um exemplar de Vida Apertada, obra de Luiz Leitão resgatada em edição crítica e dotada de aparato filológico.


Max recebe os cumprimentos do Pedrosa.


Acadêmicos, amigos e ex-alunos aguardam para afagar o antigo mestre


O professor e ensaísta Francisco Cunha e Silva Filho em colóquio com Maximiano


Jorge Loretti, Maximiano de Carvalho e Silva,
 Israel Pedrosa e R. S. Kahlmeyer-Mertens
em 24 de agosto de 2011


Maximiano de Carvalho e Silva em meio a um grupo de ex-alunos entre os quais se identifica a profa. Dalma Nascimento, a professora Márcia Pessanha e o professor Luiz Antônio Barros.


A acadêmica Edel Costa com Jorge Loretti


O professor Maximiano de Carvalho e Silva com o poeta piauiense Alberto Araújo


O crítico e ensaísta Cunha Silva Filho, o professor de filosofia Kahlmeyer-Mertens e o lexicógrafo Luiz Antônio Barros: três bons amigos.




Saudação de Luiz Antônio Barros a Maximiano de Carvalho e Silva

                                                                                                                              Luiz Antônio Barros

A 5 de julho de 1926, nascia no Rio de Janeiro Maximiano de Carvalho e Silva, professor emérito da UFF, onde tive o privilégio de ser seu aluno nos idos de 1967. Seu currículo é alentado, mas eu me restringirei a dados essenciais para não fatigar a plateia. Destaquemos:
 
a) Livre-docente em Filologia Portuguesa – UFF
b) Membro efetivo da Academia Brasileira de Filologia
c) Professor da UFF (1957-1968), por onde se aposentou como titular de Filologia / Crítica Textual.
d) Professor de Língua Portuguesa dos Cursos de Jornalismo e Letras da PUC-RJ - ( 1953-1968).
e) Diretor do Centro de Pesquisas da Fundação Casa de Rui Barbosa ( 1970-1975)
f) Professor de Língua Portuguesa de vários educandários da cidade do Rio de Janeiro, como o Colégio de São Bento, o Colégio Pedro II e o Colégio de Aplicação da Faculdade Nacional de Filosofia (1945-1970).

Atividades culturais e administrativas que exerce atualmente:

a) Magistério e pesquisa, principalmente nos domínios das ciências da linguagem (Crítica Textual, Linguística Portuguesa, estudos literários) e dos estudos históricos.
b) Atividades editoriais, como autor de edições especiais e de artigos publicados na revista Confluência, editada pelo Liceu Literário Português e em outros periódicos.
c) Diretor bibliotecário do Liceu Literário Português. (Rio de Janeiro)
d) Membro da Comissão Diretora do Instituto de Língua Portuguesa do Liceu Literário Português.

Principais obras:

a) Sousa da Silveira: O Homem e a obra – sua contribuição à crítica textual no Brasil.
Publicado em 1983, pela Editora Presença, com o patrocínio do INL: texto revisto e ampliado da tese com que obteve dois anos antes o diploma de livre-docente em Filologia Portuguesa pela UFF.
b) Maximiano de Carvalho e Silva (org.): Homenagem a Manuel Bandeira, RJ, Presença, 1986.
c) Sousa da Silveira, Lições de Português, 6ª. ed. melhorada . Revisão crítica, em consulta com o autor, pelo Prof. Maximiano – Livros de Portugal – Rio de Janeiro, 1960.
d) Sousa da Silveira – Dois Autos de Gil Vicente (o Auto da Alma e o Auto da Mofina Mendes), 3ª. ed., com prefácio do Prof. Maximiano e estudo prévio de Cleonice Berardinelli, Rio, Fundação Casa de Rui Barbosa, 1972.
e) “Os Lusíadas” comentados por Augusto Epifânio da Silva Dias, 3ª. ed., com estudo prévio do prof. Maximiano, Rio de Janeiro, MEC, 1972.
 
Deixei para a parte final desta minha apresentação o registro de alguns livros lidos e consultados no meu tempo de UFF.

a) Gonçalves Dias – v. 18 da coleção Nossos Clássicos, Agir, 1969: revisão crítica em consulta com o autor Manuel Bandeira, de Maximiano de Carvalho e Silva.
b) Dom Casmurro: apuração do texto, revisão, introdução e notas por Maximiano de Carvalho e Silva – Ed. Melhoramentos, São Paulo, 1966.
Os primeiranistas da UFF, em 1967, lemos este romance com a satisfação e a segurança de estarmos lendo uma obra com o seu texto fidedigno. Tal leitura teve um sabor que jamais esquecerei.
c) Cadernos MEC de Português, em três volumes. O 3º v. foi escrito pelo Prof. Maximiano. Lembro-me de que eu já ministrava umas aulinhas naquela época. O livro do MEC me deu as primeiras noções do que era mais necessário para os alunos. Trata-se de um livro agradável, isento de gramatiquices, é óbvio, ensina os alunos a consultar dicionários, estimula os alunos a descobrirem os nomes de nossa literatura (Lobato, Gonçalves Dias, Castro Alves, Cassiano Ricardo, Cecília Meireles, Alencar, Machado...), de nossa música erudita (Carlos Gomes), dos que lutaram pela abolição da escravatura, como Joaquim Nabuco, de importantes sociólogos, como Gilberto Freire, de importantes autores portugueses  como Camões...
d) Gramática Histórica da Língua Portuguesa, de Said Ali. São Paulo: Melhoramentos, 1964. Estabelecimento do texto, revisão, notas e índices de Maximiano de Carvalho e Silva. (Infelizmente não encontrei o meu exemplar; acredito que alguém se esqueceu de devolvê-lo)

Professor Max, passo às suas mãos um exemplar da “Coletânea de Estudos Linguísticos e Literários Said Ali”, Org. pela Profa. Acaciamaria de Fátima O. da Costa.
Editado pela Nitpress. Trata-se de uma homenagem justíssima ao grande Manuel Said Ali, sobre quem declarou Capistrano de Abreu:” Said Ali não é dos que se comparam; é dos que se separam.”

Bem: antes que alguém pense que o palestrante de hoje sou eu, passo a palavra, com muito orgulho, ao Prof. Maximiano de Carvalho e Silva.

Obrigado.






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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Agosto: mês do cachorro louco, mês das bruxas, agosto mês do desgosto...

Em 24 de agosto houve a erupção do Vesúvio que destruiu Herculano e Pompeia, é a data em que Getúlio meteu uma bala no peito, é dia de palestra de Maximiano de Carvalho e Silva na Academia Niteroiense de Letras e de crônica de Carlos Rosa Moreira, exclusivo para o Literatura-Vivência.




Agosto: mês do cachorro louco, mês das bruxas, agosto mês do desgosto...


                                                                                                                            Carlos Rosa Moreira

Agosto não é mês dos mais queridos. Acho isso grande injustiça; acho também ignorância. Talvez não gostem dele porque não tem feriados. Tem o Dia dos Pais, menos concorrido (e dispendioso) do que o das mães; tem o insosso Dia do Soldado, festejado na data de nascimento do Duque de Caxias, dia vinte e cinco. E parece não ter mais nada que valha um festejo ou um feriadozinho. Mas imagino que o motivo da antipatia pode ser outro. Antigamente, quando havia as deliciosas férias de inverno que duravam julho inteiro, era agosto que punha fim nelas. O danado do agosto recomeçava o ano. “Ai, meu Deus, tá chegando agosto...” Dizia alguém, a aproveitar os derradeiros dias do amigável julho. E agosto se tornou o “mês do meio”, um mês sem charme que deve passar.
As pessoas precisam ver. É necessário ver para viver. Coloca-se a vida num canudo sem janelas dentro do qual se repete dia após dia o mesmo ritual. A vida se torna algo a ser consumido pelas horas. Deseja-se que dias, semanas, meses e anos passem, de preferência, bem rápido. Mas um mês não é, simplesmente, dias a correr um atrás do outro. Os meses têm características e personalidades ligadas à natureza, aos astros, à História. Para começar, agosto é um mês nobre. É dedicado a Caio Júlio César Otaviano, chamado Augustus (daí, agosto), o apoteótico imperador que ao morrer tornou-se deus. A deusa Ceres ─ deusa da agricultura ─ , a mesma Démeter que os romanos pegaram emprestada dos gregos, consagra agosto. E aqui no Brasil, Ceres é deusa-mãe.
Afirmo isso porque, como se não bastasse ser nobre, agosto é, nada mais nada menos, o mês da floração do capim-gordura. Sim senhores, um rico presente da deusa Ceres. Convido-vos a sair do canudo, ide apreciar a floração do capim-gordura!
É preciso escolher um canto de serra. Melhor será uma pequena vila do interior, um lugar de plantação e colheita. Haverá morros cobertos de capim-gordura. Chegue cedo, antes do nascer do sol. Deixe o carro, vá a pé. Agasalhe-se, pois o mês é de frio. Fará bem sentir esse frio na cara. É frio caído do céu durante a noite sob forma de sereno perfumoso; e é frio que emana da terra, onde o sereno se aconchegou. Caminhe. Pise a terra dos caminhos. De um lado terá a mancha esbranquiçada das encostas cobertas pelo capim-gordura, mal iluminadas pela luz difusa da madrugada; do outro lado haverá plantações e as leiras recém-semeadas. O céu começará a clarear. Vai ficar azul, que é cor de céu em agosto. Vem o Sol, surge manso, com raios delicados e tenros trazendo uma quenturinha boa. Então a luz aumenta, dá firmeza ao azul e se deita sobre as encostas de capim-gordura. Os pendões em floração, cheios de orvalho, recebem aquela luz e brilham, brancos, imaculados, cobrindo as encostas de neve. É a neve tropical do capim-gordura em floração. Verdadeiro espetáculo que a arte do Sol desvenda aos olhos, graciosamente, durante o mês de agosto. Se tiver sorte, soprará uma brisa carinhosa que fará a neve dançar, e você pensará que as colinas caminham ao seu lado. Mantenha o peito aberto e a cabeça erguida, respire fundo o perfume daquele pedacinho da Terra onde você está. Seus pulmões e seu cérebro clamarão por respiradas profundas e agradecerão. Desveja a vida do canudo e aprenda a ver. Agradeça por estar vivo. Observe as plantações ao lado e as humildes leiras, berços das plantinhas novas. Abaixe-se, pegue a terra, cheire-a, passe no rosto, sinta-a entre seus dedos. Você estará de mãos dadas com Ceres, a deusa da terra e das plantas. Siga pelos caminhos pisando a terra que é mãe e agasalho. O Sol vai subir e queimará sua pele com a luz que não existe no canudo onde sua vida transcorre. Se você perceber o coração sorrir e se sentir feliz, é porque um cantinho esquecido da sua alma ganhou um carinho. A deusa o abençoou, deu-lhe de presente a simplicidade e a beleza da vida. E soprou-lhe aos ouvidos que não devemos desaprender a ver. Os presentes são muitos, e nos chegam de diversas maneiras. Nossa mãe Terra é pródiga. Mas abafamos dentro de nós a ligação com o mundo que nos cerca e com todos os seres dos quais somos irmãos. Porém essa ligação é indelével, inquebrantável, eterna. Precisamos senti-la, necessitamos vê-la, somos parte da família. Senão nosso espírito sofre, um sofrimento mudo que nos consome, mesmo sem percebermos.






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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Euclydes da Cunha, poeta

4:54h. Fim de um serão de estudos. Uma postagem só para o dia nascer feliz:

Euclydes da Cunha segundo Cândido Portinari  



Saint-Just

Un discours de Saint-Just donnait tout de suíte
un caractère terríble au débat...
(RAPFY: Procès de Louis XVI)


Quando à tribuna ele se ergueu, rugindo,
- Ao forte impulso das paixões audazes
Ardente o lábio de terríveis frases
E a luz do gênio em seu olhar fulgindo,


A tirania estremeceu nas bases,
De um rei na fronte ressumou, pungindo,
Um suor de morte e um terror infindo
Gelou o seio aos cortesãos sequazes -


Uma alma nova ergueu-se em cada peito,
Brotou em cada peito uma esperança,
De um sono acordou, firme, o Direito -


E a Europa - o mundo - mais que o mundo, a França -
Sentiu numa hora sob o verbo seu
As comoções que em séculos não sofreu!









segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Um encontro com livros; um encontro consigo nos livros





Nos livros me encontro


Muna Omran



Livros
amordaçados,
no espírito perdido,
no coração partido,
no verso silenciado,
no poema aprisionado,
no termo maculado,
no espírito vazio,
no amor sumido,

Livros

calados.
Casas.
Bares.
Bailes.
Não há espelhos
Nem allegros
Nem minuetos
Nem palavras do momento.

Livros

anchados.
Na escrivaninha,
não está o poetinha
nem suas riminhas
e assim não há poesia

Livros
lacrados.
Um poeta louco,
um poeta rouco,
com a folha em branco,
pensa no canto.

Livros

marcados.
Metáforas
Rosa
Ironias
Machado
Metonímias
Cecílias
Hipérbato
Lispector
mergulho na lírica...

Livros
sentidos.
Estoura a leitura.
O coração se liberta,
espírito em loucura,
palavras na alma borbulham
e enfrentam a biblioteca

Livros

cravados.

Na alma do poeta,
a liberdade se alegra.
Nas estantes da grande biblioteca,
esbarram as palavras impressas.


Livros
abraçados.

Os Amores de Moll Flanders
nos morros de ventos uivantes
cantados pela língua de Cervantes.
Doravante

Livros
amados.

 
 



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