sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Um convite à filosofia de Gianni Vattimo

O Cenáculo Fluminense de História e Letras, o Blog Literatura-Vivência, com o apoio do Grupo Monaco de Cultura, convidam:








Gianni Vattimo (Turim, 4 de janeiro de 1936) é um filósofo e político italiano, um dos expoentes do pós-modernismo europeu.
Discípulo de Luigi Pareyson, graduou-se em Filosofia, na cidade de Turim, em 1959. Especializou-se em Heidelberg, Alemanha, com Karl Löwith e Hans-Georg Gadamer, cujo pensamento introduziu na Itália. Em 1964, tornou-se professor de Estética na Universidade de Turim e, a partir de 1982, de Filosofia Teorética. Ensinou, na condição de professor visitante, em vários universidades dos Estados Unidos.
Nos anos 1950, trabalhou em programas culturais da RAI. É diretor da Rivista di estetica, membro de comissões científicas de vários periódicos italianos e estrangeiros e sócio-correspondente da Academia de Ciência de Turim.






segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Em Marraquesh, ciceroneado por Affonso Romano de Sant’Anna.

Se ainda válida a metáfora de Burckhardt, então que tenhamos as letras de ARS como nossas cicerores. Não por Florença, Nápoles ou Roma (como um dia  nos teria guiado o suíço), mas pela Maraquesh do anão...


Retrato de cortesão Sebastián de Morra de Diego Velasquez (1645);
ao seu lado a releitura de Salvador Dalí (1982).



O anão de Marraquesh


Em Marraquesh há um anão que ensandece as mulheres. Elas vão ao banho (dizem aos maridos) fazer limpeza de pele mas algo a mais ali sucede basta ver como depois além do corpo a alma lhes vai leve. O segredo deste anão está guardado na palma da mão e com seus dedos sabe sublimar as mulheres. Elas vêm, e ele com silencioso gesto pede que se dispam, se despem. Se ele dissesse, voem voariam, se dissesse dancem, dançariam se dissesse, amem-me o seu mínimo corpo amariam. Mas pede apenas que larguem suas vestes e se deitem à espera que suas pequenas mãos se agigantem e abram portas, janelas, desvãos, abismos na vertigem da viagem dentro da própria pele. Quando se despem despedem-se dos maridos e já não mais carecem de amantes é como se Penélope convertida em Ulisses nas mãos do anão a Odisséia sentissem. Ninguém sabe exatamente o que seus dedos operam. Começa pelos pés e algo vem subindo devagar ao leve toque que não toca, que roçam nas mas que não fere, que solicita e impera e vai em círculos como se o bem e o mal se transcendessem numa espiral de delícias. Os maridos e parceiros ficam no hall do hotel bebendo uísque, nas quadras jogando tênis e nunca saberão o que ocorreu ao leve toque daquelas pequenas potentes, suaves mãos. Finda a massagem (nome conveniente à transfigurante viagem) as mulheres reaparecem translúcidas caminhando a um centímetro do chão irrompem inalcançáveis como se tivessem tido uma visão. Aos maridos não adianta qualquer explicação. Há na pele da alma delas algo de que jamais se esquecem: o irrepetível toque dos dedos e das mãos do anão de Marrakesh.





Divulgação Cultural
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