sábado, 3 de dezembro de 2011

Manhã de primavera histórica para o movimento literário de Niterói


É bem verdade que Niterói sempre desfrutou de uma cultura aquecida. Também é verdade que muito dessa história cultural se construiu e se constrói às portas da Livraria Ideal, no que ficou conhecido como “Calçadão da Cultura”.
Às portas desta tradicional livraria, com mais de 80 anos, gerações se criaram, se foram, outras vieram e o rastro deste incessante fluxo pavimenta um caminho feito por talento, brilho e inteligência.
Ao longo dos anos, a Livraria Ideal já recebeu visitas ilustres como a do ex-governador Roberto Silveira, do cantor Nelson Gonçalves, de figuras laureadas das artes cênicas como Grande Otelo e Maria Jacintha; já foi palco das manhãs de autógrafos do crítico de literatura Agripino Grieco, dos acadêmicos literatos José Cândido de Carvalho e Marcos Almir Madeira; foi frequentada por Geir Campos; ali Marco Lucchesi deu seus primeiros passos nas letras e, não raro, acolheu nomes ilustres das artes e das letras como Miguel Coelho e Israel Pedrosa.
Pois sim... No dia de hoje, mais uma data importante entra para o currículo e história desta livraria (história que, a bem dizer, se confunde com a história letrada da cidade). Trata-se da visita do acadêmico, educador e escritor Arnaldo Niskier.
Trazido sob convite da Imprensa Oficial do Rio de Janeiro, com apoio do jornal O Fluminense e com a carinhosa acolhida da Livraria Ideal/Grupo Monaco de Cultura, Arnaldo Niskier autografou seu mais novo livro Chip & Xepa (Consultor, 2011) para um público contente e ansioso por poder desfrutar da presença e conversa com o autor.
O evento, denominado "Giro Cultural", aconteceu numa manhã de primavera como há muito tempo não víamos. O Calçadão da Cultura se fez repleto daquelas que são, sem favor algum, algumas das figuras mais representativas da vida literária da cidade (perdeu quem faltou!).
A postagem de hoje é o registro fotográfico do evento:




A fachada da Livraria Ideal aprontada para receber Niskier.





Uma exposição com obras de autores fluminenses também fez parte do evento,
despertando o interesse público.




Simpatia: a conversa entre Arnaldo Niskier, Luiz Antônio Barros,
Gentil C. Lima e Roberto Kahlmeyer-Mertens.

Arnaldo Niskier com o professor Jorge Gandra (velha amizade).


Arnaldo Niskier com o professor Kahlmeyer-Mertens (novíssima amizade).

 Kahlmeyer-Mertens,  Zager (Presidente da Imprensa Oficial do Rio de Janeiro), Gandra e Niskier.

Monaco dá seu depoimento para a mídia comentando a importância do apoio dado pela Imprensa Oficial do Rio de Janeiro, pelo jornal O Fluminense e de todos os demais órgão que apoiam a cultura literária em Niterói.

Monaco (de costas) sendo entrevistado ao lado do concorrido Arnaldo Niskier.


Lea Coutinho Monaco (primeira dama do Grupo Monaco de Cultura) colhendo o autógrafo de Niskier em Chip & Xepa, para os netos Enzo e Rocco.

O público infantil também esteve presente.

O poeta piauiense Alberto Araújo ganha seu exemplar autografado.

Dois educadores: Luiz Antônio Barros e Arnaldo Niskier.

Sandro Pereira Rebel e o autógrafo de Niskier.


Maria Mertens na disputa por um autógrafo de Arnaldo Niskier.

Retrato do contentamento de Carlos Silvestre Monaco.

Almir de Oliveira compareceu ao Calçadão da Cultura. (foto de Alberto Araújo).

O historiador e arquivista Rubens Carrilho ganhando o autrógrafo em seu exemplar de Chip & Xepa.



Arnaldo Niskier sendo entrevistadoi pelo Programa DeLuna Freire, da TV Atlantica.
Para conferir esta e outras entrevistas colhidas na ocasião, é só acessar:

Edson DeLuna Freire com Arnaldo Niskier.

A escritora Edel Costa recebe seu livro autografado (foto de Alberto Araújo).

Eduardo Kisse com Arnaldo Niskier.

Adriana Machado, representante da Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, com Arnaldo Niskier.


Leda Mendes Jorge, Presidente da Associação Niteroiense de Escritores - ANE
ladeada por Marcos Vinícios e Manoel Casimiro (foto de Alberto Araújo).

Arnaldo Niskier autografa Chip & Xepa no Calçadão da Cultura.

Os acadêmicos Gilson Rolim e Sandro Rebel (foto de Alberto Araújo).

Kahlmeyer-Mertens, Rebel e Monaco.

O colóquio entre os acadêmicos Luiz Antônio Barros e Gilson Rolim (foto de Alberto Araújo).

Gentil da Costa Lima recebe seu exemplar autografado.

Monaco com o poeta Alberto Araújo 

A jornalista e escritora Shirley Lopes com Arnaldo Niskier (foto de Alberto Araújo).


Foto posada de Niskier com alguns dos convidados para a primeira edição do "Giro Cultural".

A jovem Gabriela Sader, na organização do Giro Cultural. (foto de Alberto Araújo).

Lea e Carlos Cesar Monaco e a vista geral do Calçadão.






Divulgação Cultural
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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Di


DI CAVALCANTI, Emiliano. Mulher de Rosa. Óleo Sobre tela. 1951.


Literatura-Vivência, em suas postagens, tem por premissa sempre mesclar mais de uma mídia. Textos, imagens (foto, pinturas, caricaturas etc), áudio visuais (clips, curta metragens, animações...) e músicas fazem parte de nosso layout.
Na postagem de hoje, buscamos reunir todas essas categorias para bem ilustrar o múltiplo Di Cavalcanti (o artista era muito mais do que um “pintor de mulatas”). O traço caricato de Appe, o texto do “impagável” José Cândido de Carvalho, os quadros do próprio Di Cavalcanti e o polêmico curta-metragem “Di”, com direção de Glauber Rocha (que esteve proibido, até bem pouco tempo, pela família do pintor), formam um perfil de nosso enfocado:

Di Cavalcanti



Emiliano é seu nome e Di Cavalcanti a sua glória. Hoje, ao dobrar a esquina dos setenta, um dos seus grandes prazeres é perder tempo. Uns amontoam dinheiro, Di perde tempo, é campeão nacional e internacional, com diplomas registrados na França e em Porto da Caixas. Sai de casa com planejamentos rígidos e imutáveis. Vai fazer isso, fazer aquilo. Ao botar o pé fora da porta, dá de frontispício com um sujeito que conheceu, certa noite, num bistrô de Paris ou num cabaré em Buenos Aires. É aquele espadachinar de abraços:

− Seu Di, que prazer!

Di Cavalcanti está perdido. O bom Emiliano, boêmio como um gato de muro antigo. Seu navio pode viajar para a Inglaterra ou para a China. Mas pode acontecer também de encalhar num golfo de chope em Cordovil...


Di Cavalcanti em caricatura de Appe, 1971.


O mágico da companhia

E que tem feito Di Cavalcanti nesses anos de iê-iê-iê de agora? Muita coisa. Principalmente honra o mundo com o seu talento, espadeirando tintas, lambuzando o século com as mais importantes cores já saídas de pincéis brasileiros. Hoje, Di Cavalcanti é uma glória bem estabelecida, firmada e incontestada. Qualquer rabisco seu, feito à pressa em papel de embrulho, vale muitos salários-mínimos. Di valoriza o que toca. É o mágico da companhia.

(...)
 
DI CAVALCANTI, Emiliano. Esboço. s/d.


Di e as andorinhas

Di Cavalcanti não mora. Circula. Vai a gente perguntar por ele e disca o Graham Bell. Do outro lado da linha alguém informa que Di está em São Paulo, na França ou na Bahia. Ao contrário das andorinhas, Di corre atrás do inverno. É louco pelo frio. Na União Soviética, certa ocasião, pegou termômetro a muitos quilômetros abaixo de zero. Mas o bom carioca da Rua Riachuelo aguentou o inverno russo com a maior dignidade. Como um esquimó de gravata e óculos.

(...)

DI CAVALCANTI, Emiliano. Pierrete. Óleo Sobre tela. 1922.

Glória nas grades

Diz: − Uma tarde, dando de olho num céu muito azul, pensei em Lisboa. E para Lisboa embarquei esquecido de que Salazar estava vivo. Estava. Fui preso.

Trancafiaram Di com glória e tudo.

(...)

DI CAVALCANTI, Emiliano. Independência. Óleo Sobre tela. 1969.


Amizade a longo prazo
 
De Jean-Paul Sartre, seu amigo, guarda forte impressão. A impressão de um homem à altura de seu tempo, não só como escritor, como exemplo de dignidade. De Assis Chateaubriand afirma ser o brasileiro mais realizador que conheceu. Um homem de espírito e ação. Chateaubriand de mão aberta, sempre pronto a servir, sempre pronto a dar ao Brasil e aos brasileiros alguma coisa. Há cinquenta anos, na porta de O País, conheceu Chateaubriand. Meio século de uma admiração que não envelhece.




Glória a Picasso

E fala de pintura e de pintores. Cita nomes nacionais e estrangeiros. Mas para Di o grande mágico do circo continua a ser Pablo Picasso, um artista à prova de tempo. Uma eternidade de pintor. Muitos outros, na longa caminhada que terão de fazer até a glória, serão apenas nomes, pobres nomes de arquivo, quando muito com duas ou três palavras na história da sensibilidade do século. Picasso não. Explica Di:

− Há excelentes pintores que fazem Picassos. Mas Picasso é o único que faz Picassos propriamente ditos. Originais, com a marca da eternidade.

E sobre pintura não disse mais. Ficou em Picasso.

(...)


DI CAVALCANTI, Emiliano. Vênus. Óleo Sobre tela. 1938.

CAVALCANTI, Emiliano. Samba. Óleo Sobre tela. 1928

DI CAVALCANTI, Emiliano. Cinco moças de Guaratinguetá. Óleo Sobre tela. 1930.

( CARVALHO, José Cândido. Ninguém mata o arco-íris – 35 retratos em 3x4. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972. pp.68-73.)



Curta metragem de Glauber Rocha




Divulgação Cultural
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