terça-feira, 31 de julho de 2012

Por que você faz cinema (literatura)? Um dó-de-peito de Joaquim Pedro de Andrade




Em 1987 o cineasta Joaquim Pedro de Andrade (talvez o diretor brasileiro  mais próximo da literatura) foi indagado pelo jornal francês Libération sobre porque fazia cinema. A resposta dada àquele veículo de comunicação vale não apenas para o cinema quanto para as artes em geral (e a literatura, inclusive). Na postagem de hoje, Joaquim Pedro de Andrade:


Dina Sfat e Grande Othelo em cena de Macunaíma (1969), adaptação cinamatográfica de JPA



Por que você faz cinema?




Para chatear os imbecis
Para não ser aplaudido depois de sequências dó-de-peito
Para viver à beira do abismo
Para correr o risco de ser desmascarado pelo grande público
Para que conhecidos e desconhecidos se deliciem
Para que os justos e os bons ganhem dinheiro, sobretudo eu mesmo
Porque, de outro jeito, a vida não vale a pena
Para ver e mostrar o nunca visto, o bem e o mal, o feio e o bonito
Porque vi Simão no Deserto
Para insultar os arrogantes e poderosos, quando ficam como cachorros dentro d’água no escuro do cinema
Para ser lesado em meus direitos autorais.

(ANDRADE, Joaquim Pedro. In: Pourquoi filmez-vous? Paris: Libération,1987)




Divulgação Cultural
(Clique na imagem para ampliar)

5 comentários:

  1. Roberto
    Você nos dá uns presentes realmente gostosos. Esse aí em cima é um "cookie" delicioso. E a resposta do Joaquim Pedro aos franceses é uma boa lição para todos, poderíamos esticá-la, seria uma brincadeira séria boa de fazer.
    Carlos Rosa.

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  2. Bom dia, nobre Kahlmeyer.

    Falando em cinema, envio uma frase do último discurso do filme O Grande Ditador - Charles Chaplin.

    " O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios. ..."

    Um feliz mês de agosto, extensivo a família.

    Atenciosamente,
    Alberto Slomp.

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  3. "Para viver à beira do abismo", é uma resposta e tanto vinda de cineasta. Boa postagem Roberto, acho que Cinema e Literatura estão de mãos dadas à beira do abismo.
    abraço, CT

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  4. Kahlmeyer, vc eh o cara!

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  5. Olá professor Roberto...boa postagem! A arte não é mera mímesis, mas uma maneira de dizer a verdade! Um abraço.
    Mauro Nunes

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