sábado, 25 de fevereiro de 2012

Reencontros "rebelianos"


No domingo dia 4 de março, serão retomadas as atividades do projeto Escritores ao ar livro, das 10 às 13h., na praça Getúlio Vargas, na praia de Icaraí. O espaço oferecido pelo escritor e publicitário Paulo Roberto Cecchetti congrega outros escritores, leitores e demais amantes da cultura. A partir de hoje, durante toda semana, até a referida data, o Blog Literatura-Vivência brindará com seus leitores alguns dos Escritores ao ar livro, publicando seus textos.
Será tim-tim até o domingo da semana que vem...


Foto: Carolina Tavares (Praia de Icaraí - Niterói), Blog: Café com canela


Um reencontro

                                                                                                                       Sandro Pereira Rebel

 Há casos em que os encontros
 que revolvem tempos idos
acabam em desencontros
confusos e doloridos.
 Reencontro com velhos amigos que há muito tempo não se vêem é gostoso, sim, mas às vezes se torna complicado. Vejam, por exemplo, o que me aconteceu na última manhã de domingo: de repente, em meio à habitual caminhada pelo calçadão de Icaraí, dou de cara com alguém e logo lhe abro os braços, esfuziante:
 – Lineu! Oh, Lineu, que prazer revê-lo!
 E o Lineu não se fez de rogado. Bastou-lhe olhar-me uma só fração de segundo para corresponder por inteiro a toda a efusão do meu abraço:
– Mas é você mesmo?  Nem acredito! Quanto tempo, meu Deus!
 – Poxa, Lineu, que felicidade! Por onde andou? Vamos, me conta. Afinal, 40 anos, no mínimo, já se passaram desde que nos vimos pela última vez, não? 
E daí pra frente o papo correu solto, entre um chopinho e outro no primeiro bar que encontramos nas imediações. Foi um tal de perguntar por fulano e por sicrano e por beltrano, que não tinha mais fim. E   – o que é pior –   o mais das vezes, as respostas, quer do meu lado, quer do lado do Lineu, eram quase sempre as  mesmas:  nunca mais vi; soube que andava muito doente; vi outro dia, coitado, nem parecia aquele...
Até que, em determinado momento, o Lineu se dirigiu a mim chamando-me, pela primeira vez, pelo que supunha fosse o meu nome:
 – Mas, e você, Eduardo, meu caro Dudu, o xodó das liceistas, me fala mais de você, da família, do que tem feito, de como, enfim, tem sido a sua vida.
Já por aí, vêem, a coisa começava a complicar-se: o Lineu tinha trocado meu nome...  Mas, pensando bem, que importância tinha isso? O importante eram as boas lembranças que ele estava me trazendo. Aliás, só agora percebo, eu também não era capaz de jurar que o nome dele fosse mesmo Lineu. Não seria Alceu?
 Resolvi, então, assumir convicto o papel do Dudu e continuar recordando outros amigos comuns que, àquela altura, conseguiam ainda não ter sido mexidos naquele cipoal de cinzas que estávamos revolvendo.
– E o Jarrinha, tem notícias dele?
– Ah, o Jarrinha! Que apelido mais louco, né? Pois você não soube, Dudu? O Jarrinha já se foi há uns três ou quatro anos. Câncer, sabe. E no fígado, quer dizer, em poucos meses se acabou, coitadinho! Era um bom menino. Um tanto descabeçado, mas, no fundo, um bom menino sim. Que Deus o tenha, né?
 – É  – concordei –,  que Deus o tenha.
Mas, a partir daí, obviamente, a conversa já não prosseguiu tão animada nem aquele reencontro continuou sendo tão festejado. Afinal, Jarrinha era nada mais nada menos que o meu apelido dos tempos de Liceu lá na minha cidade natal, a gloriosa Campos dos Goytacazes...


Divulgação Cultural
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"Luís Antônio Pimentel - 100 anos em foco", uma retrospectiva da vida do jornalista, professor, historiador e poeta Luís Antônio Pimentel que, em 29 de março, completa 100 anos! A exposiçãoacontece no Solar do Jambeiro, com vernissage no dia 22 de março, 5ª feira, às17 horas. A curadoria é do fiel amigo e também poeta, Paulo Roberto Cecchetti.No dia 19 de abril haverá um "talk show", às 16 horas, com a presençado homenageado. A exposição fica aberta para visitação até 29 de abril,domingo, no horário de funcionamento do Solar. Na foto um bico de pena dosaudoso artista plástico Miguel Coelho com haicai do Pimentel.

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

"Academia Niteroiense de Letras" - Programação para o mês de março de 2012



Programação para o mês de março de 2012


Dia 6 - 17h
Reunião de Diretoria

Dia 7 - 17h
Reunião de convívio
Roda de leitura (leve seu texto para ser lido e comentado)

Dia 14 - 17h
Projeto “Datas significativas”

“Luís Antônio Pimentel: Jubileum (homenagem ao centenário de nascimento de Luís Antônio Pimentel, atual ocupante da Cadeira 07, patronímica de José do Patrocínio)

Palestrante: Roberto S. Kahlmeyer-Mertens


Dia 21 - 17h
Projeto “Música na Academia”
Participação de integrantes do projeto “Mesa de Botequim” (AABB/Niterói)

“O samba: origens e alguns de seus nomes”

Palestrante: Lauro Gomes de Araújo

Dia 28 – 18h
Projeto “Datas significativas”

Homenagem ao centenário de nascimento de Carlos Tortelly Rodrigues Costa, ex-ocupante da Cadeira 21, patronímica de Luís Antônio Silva Santos

Palestrante: Waldenir de Bragança

Sessão conjunta: Academia Niteroiense de Letras / Academia Fluminense de Letras /Academia Fluminense de Medicina

OBS.: Os eventos dos dias 7, 14 e 21 serão realizados na sede da Academia Niteroiense de Letras (Rua Visconde do Uruguai, 245 – Centro); o do dia 28, na sede da Academia Fluminense de Letras (Praça da república, s/nº - Centro)



Divulgação Cultural
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"Luís Antônio Pimentel - 100 anos em foco", uma retrospectiva da vida do jornalista, professor, historiador e poeta Luís Antônio Pimentel que, em 29 de março, completa 100 anos! A exposiçãoacontece no Solar do Jambeiro, com vernissage no dia 22 de março, 5ª feira, às17 horas. A curadoria é do fiel amigo e também poeta, Paulo Roberto Cecchetti.No dia 19 de abril haverá um "talk show", às 16 horas, com a presençado homenageado. A exposição fica aberta para visitação até 29 de abril,domingo, no horário de funcionamento do Solar. Na foto um bico de pena dosaudoso artista plástico Miguel Coelho com haicai do Pimentel.


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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

"Marcha de quarta-feira de cinzas", de Vinícius de Moraes





Vinícius de Moraes (1913-1980) compôs, em 1964, a Marcha de quarta-feira de cinzas. A mesma música seria gravada no ano seguinte durante uma apresentação no Teatro Municipal de São Paulo. Para muitos, a canção não passaria de mais uma composição carnavalesca de Vinícius em parceria com Carlos Lyra. Entretanto, a melancolia que ali imperava não era a de foliões que precisariam aguardar um ano por outro carnaval. Vinícius, em sua sensibilidade de poeta (de “antena da raça”, como diz o já “chichê” de T. S. Eliot), havia captado a conjuntura política que o país se inserira com o Golpe Militar e entrevia os desdobramentos funestros deste evento. Passados aqueles os anos de adversidade, ficou a canção que ensina que em qualquer regime totalitário o povo é cinza e pessoas se tornam “gente que nem se vê”:



Marcha de quarta-feira de cinzas, de Vinícius de Moraes


Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
[Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz

(Composição: Vinícius de Moraes / Carlos Lyra)





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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

"Por que tão bela, se vesga? Porque vesga, se bela?..." Primeira chamada para o lançamento do livro de Aso


O eclético cronista, contista, jornalista, poeta e desenhista Antônio Soares (literariamente Aso) prepara, para este ano, um livro que promete boas críticas. Sabendo como criar a expectativa aos seus leitores (técnicas, quem sabe, aprendidas com o “Amigo da Onça”, que ele desenhou para o magazine O Cruzeiro depois da morte de Carlos Estevão), Aso apenas envia o retrato, feito de próprio punho, da personagem de um de seus principais contos. Uma musa estrábica?!...
Parodiando Machado em seu Memórias póstumas de Brás Cubas, pergunto-me: Por que tão bela, se vesga? Porque vesga, se bela? O livro de Aso deve trazer essas respostas...


 Ilustração do livro: Ouça-me, por favor! Estou aqui! , de Aso.


                                                                                                                                    Antônio Soares

A primeira vez em que a vi fiquei fascinado, não sei se por seus olhos ou por sua boca...
Você, certamente, me dará razão, logo que a conheça. É deslumbrante!... Ela é a protagonista do meu caso, digo conto Uma Questão de Estrabismo, no livro em preparos finais que editarei este ano. Consta de 26 contos ilustrados, sendo os dois últimos em forma de HQ. Título: Ouça-me, por favor! Estou aqui! 




 
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